quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Pensamentos para o catador de cinzas



Como todo escritor, tenho como meu fiel escudeiro um cinzeiro. Nada muito especial. Ele esta velho, arranhado, com cheiro de cigarros de anos e anos. Mas apesar do fardo pesado que ele carrega, não tenho do que reclamar dos vários anos de lealdade.

Em cada conto, cada poema, cada pensamento e musica, ele estava ao meu lado. Aparando as cinzas da minha alma. Fazendo o seu papel misterioso e calado de coletor de restos carburados pela solidão e falsas volúpias.

 Nele, foi depositado muitas amarguras. No entanto sorrisos de esperança e felicidade são recordados com saudade ao pensar em troca-lo. Mas tudo tem um fim. É triste, mas são fatos da vida. O fim está próximo, e quando menos esperamos “bumm” era uma vez.

É estranho pensar em se desfazer de algo que fez parte de seu dia-a-dia por anos, mas a regra dita como acontece o jogo. E essa regra é bem clara “começo, meio e fim”. Não adianta espernear, chorar, e/ou culpar o universo por tamanha injustiça. Pois de regra geral, sempre foi e sempre será assim.

O valor de tudo é dado todos os dias. Mesmo nos dias difíceis. Já que em dias de sol julga-se que não damos o devido valor a nada. Hora estamos leves e seguros de uma incerta certeza de pura ilusão. Hora estamos acordados e tentamos estar anestesiados, para não se deparar com o caos da realidade dos dias.

E agora olho para meu leal escudeiro de anos e penso em questões que nem mesmo os sábios poderiam me explicar. Minha mente acaba tornando-se um cenário de guerra de pensamentos. E tudo isso por conta de um leal cinzeiro. 




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