Paris, 21 de setembro de 1986
Querida Juliette,
Eu tentei dizer-lhe o quanto és importante, mas as palavras
não saíram. Então usei versos harmônicos, mas na hora “H”, nada soou harmônico.
Comparei-lhe com a as sete maravilhas do mundo, mas pareceu tão brega a
comparação, que permiti que o silêncio vibrasse entre nós.
Eu não soube explicar a sua perfeição. Apesar de não existir
perfeição, mas a simplicidade de seus atos lhe torna perfeita. (eis a
contradição)
Um sorriso majestoso, em um dia cinzento; Um passo
rodopiante enquanto o carro passa com o som alto; A forma como mexe os olhos,
quando toma sorvete; A eletricidade que doce lhe causa; A segurança que passa
com um só abraço; O tom da sua voz; A sua juba, após acordar; A forma como um
afago (por mais simples que seja) lhe relaxa, mesmo depois de um duro dia de trabalho.
Lhe quero todas as manhãs, todas as tardes e noites, de
verão a verão, até que o ciclo da vida nos leve com o vento. Não importa se de
segunda à sexta, terei que levar e buscar o Pietro na escola, e se todas as
terças e quintas a noite, eu tenha que me virar para buscar a pequena Sophie no
ballet. Não me importo de ter um cachorro chamado Beethowen e uma gatinha
chamada Mary.
Com você quero apenas gozar de bons ventos e lindos fins de tarde, em uma cabana a beira mar no Hawai, com nossos filhos e animais. Quero que amor não seja o único laço que nos une. Pois somos amigos, parceiros de batalha, marido e mulher. Quero poder reconquista-la todos os dias e ama-la todas as horas.
Com amor, Scot.
P.S.: Quando você estiver terminando de ler esta carta, olhe
para o nosso jardin. Terminei de pintar a cerca que você pediu.